Acordei
todo injuriado. Todo suado. Tive um sonho esquisito e bem corrido.
Coisa que só pode acontecer em outro mundo, lá do outro lado.
Fui
parar na delegacia para falar com o delegado, tinha um encontro
marcado. Não é que eu me encontrei com a safada, ali de pé, logo ao
lado? Ao vê-la tive um troço, fiquei todo engasgado, mas eu não tive
dúvida. Era ela, toda nua. O que fazia aqui a ladra? Quis pular no seu
pescoço, torcer todo o seu corpo. Com toda essa raiva conseguiria sem
muito esforço.
Eu
sabia, dentro da bolsa dela estava o meu celular clonado. Perguntei
para ela, quem é clone de quem aqui minha senhora? Ficou muda, a velha
descarada. Clones existem aos montes, aqui e ali, eu refleti.
Os
guardas ainda ficaram lá, me olhando sem piscar. Sem entender nada.
Pensando o louco ser eu, de certo, ou que a dona era digna de comigo
estar casada. Só poderia ser brincadeira toda essa marmelada. Ela veio
para reclamar (maus tratos... me danei). Não vou pagar pensão. Isso,
não.
Digo
a vocês aqui presentes, ela ficou do lado da porta, inerte, com cara de
gatuna esperta, fazendo charme, jogou a bolsa para o delegado. De fato,
ele ficou ali também parado. Não entendeu nada, mas viu que ela queria
meter a mão na grana, minha ou dele. A que vier primeiro. Delegado é
abonado, que seja ele o primeiro.
Gritei
bem alto: “roubou meu celular, roubou meu celular”. Segura a ladra,
ladrão, guarda e delegado. Que droga, os policiais não se mexem. Sim,
ela roubou meu telefone e agora o discurso é que ela queria apenas
clonar. Como podem acreditar?
Se
eu te pego na esquina, vou te acertar um pé na bunda, mas como te
encontrei na delegacia, vou te dar um tapa na fuça. A descarada ainda
ousou dizer uma calúnia, pegou um dos guardas para cristo.
No
final das contas, nada de me ajudarem. Dois deles ali parados mais o
delegado. Grito “assalto em Salto” e em um salto só eu passo por cima do
balcão e recupero a bolsa. Quero colocar meu telefone no seu devido
lugar que é no meu escutador ou no meu bolso. Isso aqui minha querida,
velha sacana, safada e pervertida, é para EU falar e alguém escutar.
Pulei
mesmo, peguei a bolsa e corri. Os guardas até entenderam, seguraram a
moça e eu consegui fugir. Logo mais, daqui a pouco, eu volto a dormir.
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